Copom: Banco Central deverá cortar Selic nesta quarta-feira

O Copom decidirá nesta quarta se irá manter a taxa Selic no patamar atual de 13,75%

O Copom (Comitê de Política Monetária) irá decidir nesta quarta-feira (2) se irá manter ou não a taxa básica de juros no patamar atual de 13,75%. Segundo analistas consultados pelo BP Money, é consenso no mercado que a Selic será cortada, com os agentes financeiros divididos quanto ao tamanho do corte, de 0,25 ou 0,50 ponto percentual.

“Um corte na taxa de juros na reunião de hoje é praticamente uma certeza do mercado, a chance da Selic se manter estável é extremamente baixa. O corte mais esperado pelos analistas é de 25 bps, porém algumas casas ainda apostam no corte de 50 bps, sendo de fato a minoria”, disse Lucas de Caumont, estrategista de investimentos da Matriz Capital. 

Na visão de Lucas Lima, analista-chefe da VG Research, o BC pode estar inclinado a reduzir a taxa de juros em 0,50 ponto percentual, pois a melhora recente dos dados de inflação e a desaceleração econômica do País vêm pressionando a autoridade monetária.  

“A inflação desacelerou bastante no Brasil e no mundo no primeiro semestre de 2023, refletindo principalmente a redução no preço das commodities. Os últimos dados do IPCA mostraram uma deflação acima da expectativa e com melhora importante nos núcleos. Já a prévia do PIB registrou uma queda de 2% no mês de maio. Acredito que os melhores dados de inflação juntamente com decepção no crescimento econômico jogam uma pressão extra para o Banco Central começar o ciclo de cortes com 50 pontos”, afirmou Lima.

BC poderá promover mais cortes na Selic em 2023

Caso o Copom promova um corte da taxa de juros já nesta reunião, Caumont acredita que a tendência é o BC reduzir cada vez mais os juros no restante de 2023. De acordo com o economista, o órgão monetária havia estipulado uma meta de encerrar o ano com a Selic em torno de 12%.

“Podemos esperar um fim do ciclo de aperto monetário e o início de uma constante queda na taxa de juros, até para podermos ter uma coerência com a expectativa de Selic em 12% no final do ano por parte do próprio BC. Atualmente, a inflação está muito mais controlada, provavelmente não escapando da banda superior da meta no agregado anual, o que corrobora com a queda da taxa de juros”, explicou o estrategista de investimentos da Matriz Capital.

De acordo com Ricardo Holz, especialista em finanças, caso a queda da Selic se concretize na reunião desta quarta-feira, o mercado irá esperar por mais quedas nas próximas reuniões deste ano. O economista, no entanto, reitera que o BC, sob a tutela de Roberto Campos Neto, vem adotando uma postura cautelosa, logo será preciso esperar os próximos índices de inflação antes de fazer qualquer previsão.

“Se o Copom reduzir a taxa básica de juros da economia brasileira, a expectativa do mercado é que seja a primeira de várias quedas nas próximas reuniões do Copom. No entanto, todos sabemos que o posicionamento do BC é de cautela, logo precisaremos analisar qual vai ser o desempenho da inflação. Se ela de fato continuar contida nos próximos meses, há um campo muito fértil para que nas próximas reuniões do Banco Central continue essa queda na taxa de juros”, reiterou Holz.

Queda da Selic pode ser benéfica para a economia brasileira

Segundo Holz, uma queda da taxa Selic iria aquecer novamente a economia brasileira, com as empresas fazendo mais empréstimos e as pessoas consumindo mais.  

“Com a redução da taxa básica de juros nós temos de cara um aquecimento na economia brasileira. Com o dinheiro mais barato, as pessoas e as empresas tendem a pegar mais recursos nos bancos e a consumirem mais, pois vão pagar menos juros nos produtos que consomem. Um outro ponto importante é que tem um impacto direto na dívida pública. Há uma redução na dívida pública quando você tem uma redução na taxa básica de juros da economia brasileira”, argumentou o especialista em finanças.

Calil Filippelli, gestor de fundos da Ouro Preto, ainda pontua que, além de um aumento da atividade econômica brasileira, a tendência é que os investidores comecem a investir na renda variável. 

“Com a queda da Selic, a tendência é um aumento na atividade econômica, com uma queda no custo do dinheiro, as empresas tendem a investir mais em fatores de produção. No mercado financeiro, a tendência é uma migração gradual da renda fixa para a renda variável”, relatou.