O mercado segue ansioso com a estréia do Nubank na Bolsa de Nova York (NYSE), o maior mercado do mundo, com expectativas de que o IPO seja um dos maiores da história. Além disso, houve a recente notícia da migração das ações do Banco Inter para a Nasdaq, a segunda maior bolsa do planeta. Atualmente Wall Street conta com 11 empresas brasileiras, com mais de R$ 45 bilhões arrecadados, segundo levantamento da Stake ao Estadão.
Mesmo a B3 batendo recorde de IPO’s neste ano, algumas empresas, principalmente as que possuem relação com tecnologia, demonstraram preferência pelo mercado norte-americano, você já se perguntou o motivo dessas companhias brasileiras estarem de “mudança”?
Quais são as empresas listadas em Wall Street?
Como já foi dito anteriormente, atualmente as bolsas de Nova York contam com 11 empresas listadas em seu mercado, sendo a maioria delas ligadas ao setor de tecnologia. A primeira delas foi o Pagseguro, que estreou nos EUA em janeiro de 2018 e captou US$ 2,3 bilhões (R$ 7,31 bilhões na cotação da época), suas ações valorizaram 73,4% desde seu IPO na NYSE.
Confira a lista montada pela Stake das empresas em Wall Street:
Empresa
Ticker
Data de IPO
Retorno acumulado
Listagem
Pagseguro
PAGS
Jan.1/8
+73,4%
NYSE
Stoneco
STNE
out./18
+55,4%
Nasdaq
XP
XP
dez./19
+35,9%
Nasdaq
Arco
ARCE
set./18
+8,2%
Nasdaq
Afya Ltd
AFYA
jul./19
+5,0%
Nasdaq
Zenvia
ZENV
jul./21
+4,9%
Nasdaq
Vtex
VTEX
jul./21
+2,6%
NYSE
Pátria Investimentos
PAX
jan./21
+0,3%
Nasdaq
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Vitru
VTRU
set./20
-3,00%
Nasdaq
Vinci Partners
VINP
jan./21
-20,50%
Nasdaq
Vasta Plataform
VSTA
jul./20
-77,60%
Nasdaq
Quais são as vantagens?
A maioria das companhias alegam que a escolha pelas bolsas estrangeiras vai desde a maior captação de recursos, por se tratarem de mercados mais consolidados e “ricos”; uma organização corporativa ajustada, as bolsas norte-americanas oferecem dispositivos mais avançados de governança corporativa; além da captação em uma moeda historicamente forte em cenários adversos, o dólar avançou mais de 15% desde o início da pandemia.
Além disso, as empresas citaram a diversificação da própria bolsa, se na B3 são negociadas ações de aproximadamente 500 empresas, a NYSE possui mais de 1,6 mil papéis e a Nasdaq soma mais de 3,7 mil companhias. Com uma oferta maior, a possibilidade de comparação entre ativos de empresas facilita a escolha dos investidores na hora de montar carteiras.
Outro fator que as empresas alegam é a burocracia “excessiva” exercida pela B3, o que pesa na hora da decisão de realizar ou não o pedido de IPO. De acordo com Thiago Nigro, dono do canal “Primo Rico”, muitas companhias reclamam da demora que é abrir capital no Brasil, enquanto nos Estados Unidos, por exemplo, esse processo é feito de forma muito mais rápida e até mais segura.
Apesar da governança corporativa ser mais rígida, com padrões e regulamentações internacionais, a abertura de capital tende a ser mais veloz que no Brasil. Além disso, a recompensa por um rigor maior é traduzida em uma maior atratividade e confiabilidade por parte de investidores de qualquer lugar do mundo.
O que vai acontecer com minhas ações do Banco Inter?
Se você está preocupado que suas ações vão simplesmente “sumir” de sua carteira ou pensa que irão virar ativos na Nasdaq, você está enganado. Existem duas formas de realizar uma mudança de bolsa para exterior, por meio de diluição acionária, diminuição da participação dos acionistas da empresa ou por uma conversão das ações para BDRs, o que ocorre de forma proporcional.
No caso do Banco Inter, os papéis da companhia serão convertidos para BDRs para os acionistas da B3, segundo a CGA, Maria Clara Gusmão. O lado negativo da mudança é que, em vez de se ter ações da empresa, você terá recibos, fazendo você ter um spread (diferença de preço entre a compra e venda de uma ação, título ou transação monetário) em cima de seus dividendos, diminuindo seus ganhos.
É possível realizar a conversão das BDRs para ações do Banco Inter novamente. É preciso entrar em contato com uma corretora norte-americana e solicitar o cancelamento das BDRs para se obter transformação em ações no exterior. É preciso preencher certas documentações, mas é algo tão complicado quanto parece.
De acordo com Gusmão, serão emitidos Fatos Relevantes para explicar aos investidores como funcionará o processo de abertura de capital nos EUA do Banco Inter.
