Mercado

Marisa (AMAR3) anuncia retorno ao mercado de crédito

A varejista assinou contrato vinculante com o BTG Pactual com valor de até R$ 65 milhões

A Marisa (AMAR3) emitiu um fato relevante na noite de quinta-feira (26) informando ao mercado o seu retorno ao mercado de crédito bancário.

A varejista comunicou que foi assinado um contrato vinculante com veículo financeiro do Banco BTG Pactual (BPAC11) referente à contratação de empréstimo com prazo final de três anos e com valor de até R$ 65 milhões, garantidos por parte dos direitos creditórios de titularidade da Companhia oriundos de processo judicial finalizado referente à incidência de ICMS na base de cálculo de PIS e COFINS.

“A companhia continuará a ser proprietária dos direitos creditórios e apenas parte será transformada em precatórios, de tal forma que a companhia poderá ainda compensar durante a vigência da operação de crédito, no total, cerca de R$ 85 milhões. Combinado com a operação de crédito ora anunciada, o reforço de capital de giro será de R$ 150 milhões”, informou o comunicado.

A BR Partners atuou como assessora estratégica e o Lefosse Advogados como assessor jurídico da Companhia.

Marisa reage após primeiro semestre desastroso

Com a conclusão do fechamento de 88 lojas em julho, a Marisa finalizou a primeira etapa de sua reestruturação financeira, que se iniciou no dia 31 de março.

Desde então, a varejista vem executando uma série de ações do seu plano para tentar colocar as contas em dia. Nesses três meses, a companhia fez alterações na diretoria, captou dinheiro, agrupou ações, firmou parcerias e mais recentemente inaugurou seu primeiro COI (Centro de Operações Integradas).

A reação da companhia neste segundo semestre se faz necessária devido às notícias nada animadoras na primeira metade de 2023. O anúncio do prejuízo de 670% no quarto trimestre de 2022, foi o gatilho para que rumores sobre o futuro Marisa começassem a ganhar força.

O temor daquele momento era de que a companhia tivesse o mesmo destino da Americanas (AME3), que surpreendeu o mercado com a suspeita de fraude fiscal bilionária e o consequente pedido de recuperação judicial.

A situação se tornou tão crítica, que a B3 (B3SA3) chegou a omitir um ofício questionando a empresa sobre a queda repentina de suas ações, que ficaram abaixo de R$ 1. Se os problemas já não fossem o suficiente, dois credores solicitaram a falência da companhia na Justiça de São Paulo.

Projeção

Analistas ouvidos pelo BP Money, acreditam que o caminho é árduo, mas que Marisa dá indicativos de que deve melhorar ajustar seu caixa e operar sob menos pressão.

“Apesar do resultado do 2T23 de prejuízo, pôde-se notar alguma melhoria com um caminho longo a ser percorrido pela Marisa. Um ponto a ser destacado é o contexto macroeconômico que prejudica o desempenho do setor de varejo no Brasil, não somente pela taxa de juros restritiva que desestimula o consumo, mas pelo aumento da concorrência no setor, avaliou o head de a da locação da InvestSmart, Gustavo Badia.

Ainda segundo Badia, a implementação na íntegra do programa de reestruturação é importante para recuperar a rentabilidade e a credibilidade da empresa, o que ainda deve deixar o resultado de 2023 contaminado pelo impacto dessas ações.