Renda Fixa: onde investir em 2023?

Com a taxa Selic a 13,75%, a tendência é que o próximo ano seja atrativo para a renda fixa

Se 2022 já foi um ano positivo para a renda fixa, o 2023 não deve ser diferente. Com a taxa Selic a 13,75%, a tendência é que o próximo ano seja atrativo para o tipo de investimento, como explica Andressa Bergamo, sócia-fundadora da AVG Capital.

“Antes dos resultados das eleições para presidente, tínhamos uma curva de juros apontando para baixo com estimativa de queda. Aconteceu que, após esse período, a curva de juros inverteu e logo na primeira reunião do Copom depois das eleições, a taxa se manteve em 13,75%. Essa taxa não deve subir muito mais do que está hoje até mesmo para manter as condições do país, porém é possível que tenhamos o patamar mais alto por mais tempo. Isso torna os investimentos de renda fixa bastante atrativos, pois o investidor pode ter uma posição mais conservadora com excelentes rendimentos”, destacou Bergamo ao BP Money. 

Em um cenário de inflação acima da meta do Banco Central e de juros com mais de dois dígitos para 2023, a atratividade da renda fixa volta aos holofotes.

“A meta para inflação de 2023 é de 3,25% e pode oscilar entre 1,75% e 4,75%, segundo a determinação do Conselho Monetário Nacional. A projeção do mercado na última divulgação do relatório Focus mostra a inflação fechando 2023 em 5,17%, acima da meta, porém estável em relação a 2022. Por este motivo, em sua última divulgação, temos a projeção da Selic para 11,75% ao ano, ainda elevada, porém, com uma redução de 2 pontos percentuais”, analisou Bruno Piacentini, economista e sócio da “Eu me Banco”. 

Investimentos em renda fixa para 2023

Considerando o alto nível da taxa básica de juros e o cenário macroeconômico atual, é preciso conhecer algumas das melhores opções de investimentos em renda fixa para 2023. Segundo Piacentini, é preciso focar mais nos ativos pós-fixados. 

“Os ativos de renda fixa mais indicados para este momento, são os pós-fixados, pois não sofrem com a marcação a mercado e possuem uma boa projeção de pagamento, visto o cenário macroeconômico atual se suas projeções”, apontou. 

Por conta da marcação a mercado, que se iniciará em 2023, ele também alerta para os investimentos com maior risco na renda fixa. 

“Diante do cenário atual, ativos prefixados possuem alto risco para o investidor por conta da marcação a mercado. Estes títulos mostram exatamente quanto o investidor receberá no vencimento, como o Tesouro Prefixado 2025 que paga ao investidor neste momento, 12,92% ao ano (título público federal negociado através do Tesouro Direto, com cotação do dia 22/12/2022). Porém, deve-se ter extremo cuidado com a marcação a mercado”, salientou. 

Se o investidor precisar por qualquer motivo, resgatar antecipadamente seu capital, será possível, mas a taxa acordada não será necessariamente a paga, já que haverá atualização do título ao preço de mercado”, completou o economista, CEA e CNPI-T. 

Já Bergamo traz opções para os investidores mais conservadores, mas destaca outros ativos. “Títulos públicos são ótimas opções para investidores ultra conservadores, porém não podemos descartar CDBs, LCA e LCI de grandes Bancos”, avaliou. 

“As taxas praticadas são bem mais atrativas, porém é importante entender o rating de cada emissor.
Vale lembrar que esses papéis são cobertos pelo FGC. Tendo em vista que a taxa de juros permaneça nos patamares mais elevados, papéis pós fixados podem ser as melhores opções no momento”, detalhou a especialista pós-graduada em Mercado Financeiro e Capitais.

Para Lenice de Fátima Pereira, Especialista em Produtos e Negócios do Ailos, é importante o investidor lembrar de três pilares para escolher seus investimentos: rentabilidade, liquidez e segurança. 

“Os produtos de renda fixa vão de Tesouro Direto, CDBs, RDCs a ativos isentos de IR na pessoa física, como LCI e LCA, existem várias opções no mercado financeiro do curto ao longo prazo. Difícil mensurar os melhores produtos, pois prazos, carências e necessidade de liquidez fazem parte de um conjunto de informações. Verificar a solidez da instituição financeira se está vinculada aos órgãos reguladores é fundamental para a melhor escolha”, destacou Pereira. 

É renda fixa, mas é bom evitar

Apesar de a renda fixa estar bastante atrativa para o próximo ano, nem todos os tipos desse investimento são indicados pelos especialistas. O principal deles? O mais tradicional e utilizado pelos brasileiros: a poupança. 

“Apesar de não ser considerado instrumento de renda fixa, a poupança é muito presente na vida dos brasileiros e está sempre é importante evitar, pois temos inúmeras opções mais rentáveis que a poupança no mercado financeiro”, disse Piacentini. 

Bergamo destaca a importância de conhecer muitos bem os ativos de renda fixa em meio ao momento atual de muitas incertezas. Para isso, é fundamental saber o rating (classificação de risco) do emissor ou da oferta. 

“O mercado está distribuindo muitas debêntures incentivadas (isentas de impostos) com taxas bem interessantes, o que tem sido bastante relevante para a composição das carteiras, porém, são dívidas de empresas das quais precisamos entender os riscos envolvidos, pois esses não são garantidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito)”, explicou.

Mesmo sendo conhecidos por serem conservadores, a especialista em Produtos e Negócios do Ailos, sistema de cooperativas de crédito que conta com mais de 1,4 milhão de cooperados na região Sul, alerta para algumas regras do produto na hora de escolher o ativo. 

“Os ativos de renda fixa são conhecidos por serem conservadores, más devemos lembrar que alguns podem sofrer deságio se resgatar antes do prazo finalacordado, indo à marcação a mercado, como se precisasse vender urgente um bem e aceitasse menos que ele vale. Os atrelados a índices expostos a oscilações do mercado, como o IPCA também podem gerar surpresas, como um período de deflação”, concluiu Lenice Pereira.