Vitória de Bolsonaro daria fôlego às estatais? Veja ações que seriam beneficiadas

Petrobras e Banco do Brasil poderiam se beneficiar por conta da maior independência das estatais nos últimos anos

O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue na frente de seus oponentes – nas principais pesquisas eleitorais – na disputa pela presidência da República. Existe, entretanto, a possibilidade de Jair Bolsonaro (PL) reverter essa situação no próximo domingo (2), ou em um eventual segundo turno das eleições. Com isso, de acordo com especialistas do mercado, algumas empresas estatais ganhariam destaque no mercado, diferente do que aconteceria em uma vitória de Lula.

O assessor de investimentos da Valor Investimentos, Paulo Luives, explica que, apesar de ser difícil dizer quais papéis podem se beneficiar ou não, devido às incertezas que rondam a dinâmica fiscal do País em cada governo, as estatais ganhariam um fôlego “muito interessante”. 

“Petrobras e Banco do Brasil, principalmente, se beneficiariam, por conta da maior independência das estatais nos últimos anos, conversas de privatização que ocorreram, como na Eletrobras, por exemplo, isso tudo favorece essas companhias”, disse Luives sobre uma possível manutenção do governo.

De acordo com Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos, a casa de análise enxerga Sabesp, Banco do Brasil e Petrobras como estatais que poderiam se beneficiar, com Bolsonaro novamente à frente do Governo Federal, devido ao viés “mais pró-mercado”.

“Ele é mais voltado para privatização de estatais. Sabesp, apesar de ser uma empresa do governo do estado de São Paulo, a gente vê alguns candidatos falando sobre uma possível privatização dela. Se você for analisar, na época que a Eletrobras estava para privatizar, a gente via reações positivas em relação às estatais, então esse é um dos motivos de Petrobras e Banco do Brasil, por serem da esfera federal, com Bolsonaro sendo reeleito, ganharem fôlego”, disse Crespi.

“Bolsonaro já disse diversas vezes que poderia privatizar a Petrobras e quem sabe até o Banco do Brasil, bem como os Correios, então a chance disso acontecer é muito maior com Bolsonaro. Com Lula a gente já vê nenhuma chance disso acontecer”, acrescentou Crespi.

Empresas privadas da B3 também poderiam ser impulsionadas no governo Bolsonaro

Paulo Luives, da Valor Investimentos, afirmou que caso a percepção de risco fiscal aumente o mercado de ações pode ser muito prejudicado, independente do governo que assumir. Entretanto, em um cenário econômico controlado, e com uma possível virada nas eleições (já que as pesquisas apontam Lula como favorito), alguns setores específicos com empresas privadas se beneficiariam das políticas implementadas durante o governo Bolsonaro. 

“O número de concessões realizadas aumentou bastante no governo Bolsonaro. O número de leilões de portos, aeroportos, rodovias, então alguns nomes como Ecorodovias, por exemplo, se beneficiaria. A Rumo, operadora logística, com investimentos em infraestrutura que não foram diretamente feitos pelo governo, mas as concessões realizadas, as PPPs (parcerias público-privadas) que estão incentivando ali obviamente a aumentar o grau de infraestrutura no país, beneficiam também players como a Rumo”, analisou Luives. 

“Outra questão que é muito comentada é a parte das armas. O governo Bolsonaro tem essa bandeira. A Taurus segue nessa questão de maior flexibilização das leis no Brasil, isso também afeta positivamente o papel com a possível reeleição do Bolsonaro”, disse Luives.

Quais empresas ganham fôlego com o Governo Lula? 

Em um cenário de vitória de Lula nas eleições, Crespi, da Guide, destaca que programas do governo poderiam impulsionar empresas do setor de consumo, varejo, construtoras (especificamente as focadas no segmento de baixa renda), educação e bens de capital.

“Ambev, bem como Assaí, são bem mais voltados ao possível aumento de renda do cidadão, o que impulsionaria o consumo dessas empresas. Direcional e MRV também se beneficiariam, por conta de programas como Minha Casa Minha Vida e Bolsa Família, e Marcopolo e Randon – que são empresas voltadas para bens de capital, programas de crédito que poderiam acabar impulsionando os resultados dessas empresas”, disse Crespi. 

“As empresas voltadas para educação teriam impulso do FIES, destacamos Yduqs e SER Educacional que são grupos de ensino voltados para mais baixa renda, que são beneficiadas por programas como o FIES”, concluiu o analista a Guide.