Marvel: da quase falência a maior franquia do cinema

Até o momento o Universo da Marvel já faturou US$ 25 bilhões em bilheteria, além de outros US$ 13 bilhões em produtos e publicidade

Que a Marvel é a maior franquia de cinema do mundo todos já sabem, ou ao menos deveriam. Porém, o caminho foi longo e difícil para atingir o ponto mais alto da categoria. 

No final da década de 1930, um ex-editor de revistas pulp, Martin Goodman, resolveu expandir sua área de atuação em relação aos quadrinhos e criou a Timely Comics, que 2 décadas depois, assumiria o nome de Marvel Comics.

O destaque inicial ocorreu em 1941, quando foi criado o primeiro herói patriota da história, o Capitão América, em pleno auge da segunda guerra mundial. 

Somente em 1961 a Marvel passou a caminhar a passos largos para o sucesso. Jack Kirby, Stan Lee (que havia começado na empresa como auxiliar administrativo em 1939), e Steve Ditko assumiram o comando da empresa. 

 

Aproximação com público faz Marvel crescer

O principal fator para a subida da Marvel foi a aproximação com o público. Kirby e Stan Lee deram um rosto original a empresa, saindo de abstração de heróis clássicos para heróis cotidianos.

A empresa cresceu ao se aproximar do público leitor com histórias sobre heróis com problemas reais, como o adolescente que é fotógrafo freelancer e precisa pagar os boletos enquanto busca ser o “amigo da vizinhança”.

Nomes como Tony Stark, que viraria o Homem de Ferro, e os X-Men também caíram nas graças do povo. Para além dos personagens, as histórias passaram a agregar um roteiro mais amplo, com criação de um universo. 

Em meio a uma reta de crescimento muito grande, a Marvel perdeu Kirby e, para além disso, viu vazarem notícias nada positivas, como um modelo de remuneração por páginas e que não dava ao autor os créditos da sua arte.

Já na DC Comics, grande rival da Marvel, Kirby retratou a ex-empresa como uma grande fazenda de escravos. Suas acusações públicas sobre Stan Lee também aumentaram no período. Só em 1989 que a situação mudou totalmente. 

 

Marvel é adquirida por US$ 89 milhões

Neste período, a Marvel foi adquirida por Ron Perelman, um bilionário da indústria de cosméticos que pagou US$ 89 milhões pela empresa.

Sob nova direção, a Marvel deixara de focar apenas nos quadrinhos para se transformar em uma geradora de merchandising. Foi nesta situação que a Marvel se tornou uma das maiores empresas de cartões colecionáveis.

Tentativas como inundar o mercado com novas revistas, ou forçar um aumento de preços para atender o público de colecionadores também foram tomadas, segundo o Blocktrends. 

 

Afastamento do público quase leva Marvel à falência

A Marvel, como relatado pelo escritor Neil Gaiman, passou a levar a indústria para um caminho inchado, com muitas histórias pesadas, o que acabou afastando o público jovem. 

Porém, quando uma greve na liga de Basebol explodiu em 1994, a empresa foi uma espécie de reboque. Suas dívidas somavam US$ 600 milhões, e a receita sofreu um baque relevante.

Na prática, a Marvel declarou falência, criando um leilão de seus direitos autorais. A Sony pagaria US$10 milhões pelos direitos do Homem-Aranha, enquanto a Fox levaria os X-Men por US$5 milhões.

A dupla criou filmes que viraram sucesso de bilheteria, como o primeiro X-Men, que faturou US$ 300 milhões, e o Homem-Aranha de Tobey Maguire, que levantou US$ 850 milhões. 

Foi o sinal que a Marvel precisava para fugir da quase falência. Os novos donos, Avid Rad e Isaac Perelmuter, começaram a desenhar o que viria ser o MCU, o Universo Cinematográfico da Marvel.

Ambos manteriam também a trajetória da empresa em relação aos quadrinhos, conseguindo em 2006 emplacar a famosa saga “Guerra Civil”.

A inauguração do MCU ocorreu em 2008 com o lançamento do filme Homem de Ferro. O universo Marvel ficaria conhecido por manter a pegada original da empresa de criar um universo coeso onde as histórias conversam.

 

Disney paga valor bilionário pela Marvel

O sucesso chamou atenção da Disney, que pagou US$ 4 bilhões pela Marvel. Negócio bem-sucedido? Até o momento o MCU já retornou US$ 25 bilhões em bilheteria, além de outros US$ 13 bilhões em produtos e publicidade. 

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O MCU consta atualmente como a 9ª maior franquia da história, contando filmes e produtos, perdendo para nomes como Mário ($47 bilhões), Star Wars ($69 bilhões), Hello Kitty ($88 bilhões) e Pokémon ($110 bilhões).

O valor supera franquias como Dragon Ball ($30 bilhões), Harry Potter ($32 bilhões), Batman ($29,9 bilhões) e o Senhor dos Anéis ($20 bilhões).

Após o fechamento do famoso ciclo de “Os Vingadores”, a Marvel agora tenta administrar uma série de novos universos com o desafio de se manter coesa, a fim de evitar qualquer novo sinal de falência.