Ascensão contínua: Dado que antecede o IGP-M sobe pelo quinto mês consecutivo

O Índice Geral de Preços – 10 apresentou avanço de 0,42% em janeiro. Com esse resultado, o indicador chegou à quinta alta seguida. Anteriormente, havia apresentado cinco meses de deflação. O IGP-10, agora, acumula queda de 3,20% em 12 meses.

Segundo André Braz, coordenador dos índices de preços da FGV, “combustíveis, açúcar e soja explicam a desaceleração do índice ao produtor, que registrou alta de 0,42%, aproximadamente metade da variação do mês anterior. Nesta edição, o óleo diesel atingiu o ápice do último reajuste autorizado pela Petrobras. Nas próximas apurações, o diesel terá uma contribuição menor para o arrefecimento da taxa do IPA. No âmbito do consumidor, cuja inflação passou de 0,22% para 0,46%, destaca-se o reajuste das mensalidades escolares, que devem impulsionar ainda mais a taxa do IPC ao longo de janeiro. Por fim, no índice da construção, o destaque partiu dos materiais e equipamentos, cuja variação passou de -0,20% para 0,44%”.

O IGP-10 é o primeiro dado dos IGPs a ser divulgado no mês pela Fundação Getúlio Vargas, sendo assim, é considerado um indicador antecedente do IGP-M. Esta é uma das principais medidas de inflação do país, visto que tem ampla utilização na indexação dos contratos de aluguéis de imóveis e também pode servir para reajustes em outros contratos como de fornecimento de energia elétrica, mensalidades de escolas e universidades, seguros, telefonia e até planos de saúde.

Com uma composição que atribui 60% ao Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), 30% ao Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e 10% ao Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), o IGP-10 reflete a dinâmica dos preços da produção, do consumo e da construção civil, respectivamente.

Apesar de ter subido menos que no mês anterior, o índice segue em ascensão. Diante do ciclo atual de queda da taxa de juros por parte do Banco Central, os investidores mantêm as medidas de inflação em foco.

Os últimos resultados dos IGPs demonstram que a economia brasileira deixou o processo deflacionário para bens do atacado. Esse fato levará, em algum momento, os índices gerais de preços para o território positivo novamente.

A inflação ao produtor é principalmente afetada pelas variações das cotações de commodities ligadas ao setor industrial, como minério de ferro, cobre e alumínio, e também do agronegócio, a exemplo de milho, soja e trigo, no cenário internacional. Além disso, é influenciada pela questão cambial.

Para finalizar, os preços do atacado tendem a antecipar as mudanças da inflação ao consumidor, uma vez que se encontram em estágio anterior. Diante disso, os seus resultados continuam relevantes para avaliar a intensidade e o final da trajetória dos cortes da Selic pelo BC. Atualmente, os profissionais do mercado financeiro esperam os juros em 9% ao final de 2024.

A política monetária desempenha um papel importante na dinâmica da economia e do mercado acionário, podendo desencadear fortes movimentos de alta ou declínio nos ativos financeiros.