Não basta mais ser bom, as empresas precisam ressignificar o marketing

Você já ouviu a expressão: “as empresas estão fazendo muito barulho em um mundo já muito barulhento”? Se ainda não a conhece, é com essa observação que gostaria de iniciar minha reflexão. Investir em comunicação e em ações de marketing é vital para qualquer empresa. No entanto, será que apenas ações excessivas de marketing são suficientes para manter uma empresa competitiva diante dos concorrentes?

Um estudo realizado pela Imperative em parceria com o LinkedIn revelou que empresas com propósitos sólidos têm uma taxa de rotatividade 49% mais baixa e experimentam um crescimento de receita 42% mais rápido. Esses dados indicam que, para sobreviver e prosperar no mercado atual, não basta apenas vender. Hoje, mais do que nunca, é essencial ir além, tendo uma atuação claramente definida e fundamentada em propósitos.

A razão para isso é simples. Em um mercado dinâmico e em constante evolução, oferecer produtos inovadores tornou-se relativamente fácil, dado o grande número de marcas lançando produtos interessantes a todo momento. Por isso, destaca-se diante da concorrência a empresa que não apenas oferece produtos ou serviços de qualidade, mas que também demonstra fazer a diferença em questões fundamentais para a sociedade, como meio ambiente, igualdade, diversidade, inclusão social e combate à fome.

A pergunta que as marcas precisam fazer é: como posso mostrar ao mundo que contribuo de maneira positiva e que vale a pena consumir o meu produto? Muitas podem argumentar que é por meio de estratégias de marketing, fazendo ainda mais barulho com seus produtos ou serviços. No entanto, considerando que o mundo já está saturado de informações, fazer a diferença requer contribuições efetivas para causas relevantes.

Não defendo aqui um discurso vazio baseado em ações pouco efetivas realizadas apenas para “maquiar” um problema. Empresas que atuam com propósito, além de oferecerem bons produtos, precisam ser autênticas e transparentes. Não basta criar uma mensagem bonita reproduzida por um ator. Cada ação de marketing precisa ser verdadeira, representando uma experiência vivida e aplicável no mundo real. São essas ações bem-executadas que destacarão a marca em um mercado cada vez mais competitivo e ruidoso.

Existem exemplos de marcas que estão fazendo a diferença em sua atuação baseada em propósito, como a varejista americana Patagonia, especializada em roupas esportivas, que direciona seus investimentos para combater as mudanças climáticas.

Outro exemplo é o navegador alemão Ecosia, que já atraiu mais de 50 milhões de usuários ao se autodenominar o motor de busca que planta árvores. Além de destinar seus lucros para o plantio de árvores, o navegador prioriza os produtos mais “verdes” em suas buscas, incentivando um consumo consciente e preocupado com o meio ambiente.

No cenário brasileiro, a Reserva, marca de moda, se destaca ao viabilizar cinco pratos de comida a quem tem fome a cada peça de roupa vendida. Desde 2016, mais de 55 milhões de pratos foram distribuídos por meio da ONG Banco de Alimentos e do Projeto Mesa Brasil.

Por que as marcas precisam adotar esse novo modelo de atuação? A resposta é simples. Esse posicionamento vem conquistando cada vez mais adeptos devido a um fator crucial: a Geração Z. Essa geração, que representa mais de 2 bilhões de pessoas em todo o mundo, entre 10 e 25 anos, está se tornando decisiva nas relações de consumo. Com 40% dos gastos globais atribuídos a esse grupo, torna-se evidente que as marcas precisam ir além de serem simplesmente boas em seus segmentos.

Assim, em um mercado competitivo e com um público mais exigente, composto pela Geração Z, as empresas não podem depender apenas de produtos inovadores. Elas precisam investir em um marketing eficaz, comunicar-se com clareza e adotar propósitos que realmente causem um  impacto positivo no mundo.

*Guga Schifino é diretor de novos negócios na Linx  e atua como palestrante, curador de eventos e conselheiro executivo de empresas. Empreendedor desde os 16 anos de idade, adquiriu sua primeira loja aos 19 anos. Em 2017, inaugurou a Pier X, o primeiro marketplace phygital do Brasil. Como curador de eventos importantes, entre eles NRF, South Summit Brasil e Web Summit, já participou de mais de 30 missões empresariais, em 6 países diferentes.