Por que já passou da hora de aprendermos com a China?

(Foto: Freepik)
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A China detém um quinto das vendas globais. Mais precisamente 21,5%, conforme
estudo da eMarketer. Isso, por si só, já deveria ser motivo de atenção à milenar
civilização, mas vamos mais fundo. Considerando as vendas globais no e-commerce, a
China representa 50,7%, contra 19,7% dos Estados Unidos, e 29,7% somando todo o
resto do mundo. Apenas mais uma evidência para justificar o título do artigo: no m-
commerce (mobile commerce – vendas por celular) de lá provém 2,5 trilhões de
dólares contra 0,5 trilhão dos EUA.

Assim garanto que é lá que estão os melhores aprendizados para atender o mundo
híbrido. A China pulou etapas: não teve nem cartão de crédito, nem internet por cabo,
passou direto para as wallets e para a internet via satélite. Criou ecossistemas inteiros,
ou a partir do varejo, como o caso das empresas ligadas ao Alibaba ou a partir das
redes sociais, como o caso do WeChat da Tencent.

Só não afirmo que seremos como a China amanhã porque tenho sérias dúvidas se
chegaremos lá. Mas, que lá reside os melhores ensinamentos, isso não tenho dúvida.
Precisamos aprender com os chineses, já fizemos isso no passado com o Império
Chinês e está na hora de repetir. Só que agora não é sobre como fazer pólvora,
macarrão, papel moeda ou bússola. O que temos que aprender é como transacionar
no mundo híbrido, como incrementar produtividade e como simplificar os processos.
Muitos ainda acreditam que a economia mundial está centralizada no hemisfério
Norte. Países como o Brasil são diretamente influenciados por mercados que há anos
lideram as tendências no varejo, mas esse cenário já mudou e o Norte é ver o Oriente,
China, Coreia, Singapura e Índia.

Ano após ano, a NRF em Nova York vem sendo um dos maiores eventos para quem
trabalha ou, assim como eu, vive tecnologia e varejo. O encontro promove trocas e insights importantíssimos para profissionais que desejam se atualizar. Agora,
acompanhando as tendências mundiais, será realizada a primeira NRF Singapura.

Temu, Uniqlo, BYD, Shein, AliExpress, Shopee, entre muitas outras, são exemplos de
marcas asiáticas que estão ganhando cada vez mais espaço mundo afora. E esse
crescimento acontece de maneira rápida porque a Ásia retirou os gargalos produtivos,
e investiu na infraestrutura para suas empresas. O Brasil, assim como o resto do
mundo, é bastante impactado pela China, cujo e-commerce apresenta preços
atrativos, variedade de produtos, entrega rápida, troca facilitada e diferentes formas
de pagamentos. Com tantos diferenciais assim e com um espaço relevante para
publicação de resenhas de clientes do mundo todo sobre os produtos comprados, as
lojas virtuais chinesas ganharam nosso mercado há algum tempo.

Soma-se a isso estratégias que ajudam a aumentar as vendas, como o Live Commerce,
uma ação muito popular na China que utiliza transmissões ao vivo para apresentar e
demonstrar produtos e serviços aos consumidores. Lá fora, essa prática é muito
comum, inclusive para pequenos varejistas, e faz toda a diferença nas vendas. Não é
incomum andar na China e ver pessoas com celulares na mão fazendo a demonstração
de produtos para vendê-lo ali de maneira online. Nos últimos anos, essa prática
começou a ganhar o mundo, se fortalecendo, principalmente, no Brasil.

A NRF em Singapura vai permitir nos aproximar um pouco mais de uma cultura
milenar, e, em especial, de um ambiente de desenvolvimento tecnológico muito à
frente. Os dados de IDH local são relacionados a uma cidade multicultural, multirracial,
com uma grande liberdade de pensamento que impacta diretamente o varejo,
tornando-o disruptivo e centrado no consumidor.

Eu já estou muito empolgado com esse novo evento e espero absorver ainda mais
sobre a cultura asiática e suas frentes para o varejo. Temos muito a aprender com eles
e a oportunidade que surge agora é fundamental para isso.