Inadimplência de empresas atinge patamar histórico, com R$ 117 bi

As pequenas e médias empresas se destacam frente à empresas de grande porte, representando quase 90% do total

A inadimplência entre as empresas brasileiras, desde o ano passado, vem crescendo, segundo um estudo realizado pela Serasa Experian. O mês de abril atingiu o maior patamar desde 2016, em que a soma total das dívidas de pessoas jurídicas chegou a R$ 117,5 bilhões.

Seguindo esta linha, o número de negócios negativados também foi recordista, aumentando 6% nos últimos doze meses, atingindo o patamar dos 6,5 milhões, como aponta o Serasa.

Nesse sentido, o setor que se destaca com maior participação é o setor de serviços, com 54%, em seguida, está o setor do comércio, com 37%. Outros setores que compõem esse volume são o de Indústria, com 7,7%, setor Primário, 0,8% e outros 0,5%.

O maior índice de empresas endividadas está concentrado no estado de São Paulo com mais de 2 milhões. Em segundo lugar, está Minas Gerais com 605 mil e Rio de Janeiro, com 584 mil. 

O levantamento do Serasa destaca que as pequenas e médias empresas se destacam frente à empresas de grande porte, representando quase 90% do total, somando 39 milhões de pendências.

De acordo com o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, a situação econômica do país continua sendo o principal motivo para esses resultados, principalmente para as PMEs. Rabi pontua que questões como a inflação acelerada e a taxa básica de juros (Selic) em nível recorde também fazem pressão sobre o poder de compra dos consumidores.

“Com insumos encarecidos, juros altos e nenhum incentivo ao consumo, o fluxo de caixa das empresas não encontra espaço para crescer, o que torna a quitação de dívidas inviável para os donos de negócios”. “Os empreendimentos de portes menores são, naturalmente, mais impactados pelas dificuldades financeiras, já que possuem menor fôlego e pouca reserva emergencial”, explica Rabi.

Pedidos de recuperação judicial crescem 

Mais empresas entraram com pedidos de recuperação judicial no mês de abril, cerca de 43,1% a mais que no mesmo mês do ano passado. Foram 93 novos pedidos. Na mesma comparação, os pedidos de falência cresceram 12,%. Os dados foram divulgados pelo Serasa Experian nesta terça-feira (16). As informações são da CNN Brasil.

O indicador apontou que as micro e pequenas empresas lideram as requisições, com 64 pedidos, 68,9% do total. Outros 18 pedidos vieram de médios negócios e 11 de grandes, respectivamente 19,3% e 4,8% do total. No período do ano passado, as MPEs tinham 35 solicitações, as companhias de médio porte tinham 19, e as grandes, 11.

Outro ponto destacado, é que o setor de serviços foi o que mais teve empresas pedindo recuperação judicial. Comércio e Indústria vêm logo atrás. 

“O constante crescimento da lista de companhias negativadas mostra que a instabilidade econômica ainda é um desafio para os empreendedores. Dessa forma, abalados financeiramente, é inevitável que muitos acabem recorrendo aos processos de recuperação judicial para tentar renegociar e evitar a falência, ainda que alguns acabem tomando esse fim de qualquer modo”, explica Luiz Rabi, economista da Serasa Experian.