Por que Magazine Luiza (MGLU3) cai mais de 13% nesta semana?

Varejista foi a segunda maior queda do Ibovespa no pregão desta quinta (1); analistas explicam motivos

As quedas recentes das ações de grandes empresas do varejo brasileiro indicam que está cada vez mais difícil acreditar em um milagre de Natal para o setor, neste final de ano. O Magazine Luiza (MGLU3) registrou queda de mais de 8%, durante esta quinta-feira (1), na bolsa de valores de São Paulo (B3). Nos últimos cinco dias, incluindo sexta-feira (25), as ações acumulam queda de 13,05%. Segundo especialistas, o PIB (Produto Interno Bruto) abaixo do esperado, alinhado a Black Friday fraca no e-commerce, foram os grandes responsáveis pela queda dos papéis. 

Para Alexandre Milen, CEO da Harami Research, o principal motivo, tanto para a queda do Ibovespa quanto para a queda de varejistas como o Magazine Luiza, nesta quinta, foi o PIB do terceiro trimestre. 

“As expectativas eram de que o PIB chegasse próximo de 0,6% ou um pouco mais que isso e chegou a 0,4%. Isso obviamente frustrou o mercado. Esse número, na verdade, foi uma alta, mas não foi tão boa quanto prevista”, disse Milen. 

Em relação à queda específica do Magazine Luiza, Milen disse que as ações da varejista caem, também, por causa do recuo específico do comércio de 0,1% dentro das atividades de serviços.

“Foi divulgado um recuo no setor de comércios, de 0,1%. As empresas do setor de varejo sofrem e vão sofrer com esse impacto, porque o PIB não tendo crescimento no País não vai acelerar a economia, e com isso as compras vão cair”, afirmou Milen.

O crescimento menor do que o esperado no PIB do terceiro trimestre, em linha com as expectativas mais baixas do mercado, mostra que o cenário macroeconômico para o ano que vem pode ser desafiador, como explica Lucas Lima, Analista CNPI da VG Research.

“Temos a taxa de juros ainda elevada e podendo ficar nesses patamares por mais tempo, se a questão fiscal não for bem resolvida. A verdade é que o consumidor ainda está com o orçamento bastante apertado pela deterioração do poder de compra que houve nos últimos anos”, disse Lima. 

O analista explicou que o impacto da elevação da taxa de juros será notado, realmente, no quarto trimestre e em 2023. “O governo ainda estimulou bastante a economia no 3º trimestre, com aumento do Auxílio Brasil e liberação do FGTS. O ano de 2023 será de baixo crescimento econômico e todo esse cenário impacta diretamente a demanda por bens duráveis”, afirmou Lima.  

“Consequentemente, ações do setor varejista, como o Magazine Luiza (MGLU3), sofrem. Corrobora, também, para a queda das ações do setor varejista, o resultado recente da Black Friday, que registrou dados decepcionantes no e-commerce”, completou Lima. 

Perspectiva para o quarto trimestre do Magazine Luiza

De acordo com Victor Bueno, da Nord Research, a queda do papel de Magazine Luiza nos últimos dias tem a ver com o espaço curto do que foi a Black Friday e também pelo movimento dos juros futuros, que estão em alta em meio ao cenário de incertezas políticas e econômicas. 

“O Magazine Luiza até vem conseguindo manter sua margem bruta estável, mostrando que está conseguindo repassar preço, mesmo com o cenário macro mais turbulento. Outro fator interno, que acredito que não seja algo preocupante para o final do ano, foi a Black Friday menos aquecida em comparação com os outros anos, mas não acredito que isso possa impactar os resultados financeiros, porque é uma janela curta”, disse Bueno.

Bueno explicou que a queda do Magalu na bolsa também tem a ver com a antecipação das promoções de Black Friday, motivadas pela Copa do Mundo. 

“Empresas fizeram promoções de um mês ou de uma semana. Muitas delas anteciparam e prolongaram a Black Friday e o dia específico teve uma queda em relação aos outros anos”, pontuou Bueno.

O analista explicou, entretanto, que espera resultados positivos do Magazine Luiza para o quarto trimestre. 

“No quarto trimestre, os resultados tendem a ser positivos, por conta que ela também se aproveitou da Copa para fazer eventos promocionais. Tanto a sazonalidade tradicional quanto a Copa do Mundo vão contribuir para um resultado positivo para ela e outras varejistas”, finalizou o analista da Nord.

Lima, analista CNPI da VG Research, seguiu a mesma linha de raciocínio e destacou que o Magalu foi o único que apresentou crescimento do GMV (volume bruto de mercadoria, em português), que representa a receita dos canais digitais, entre as grandes empresas do setor.

“Se podemos citar algo positivo no momento atual, entre as principais empresas do setor [Magalu, Via e Americanas], o Magazine Luiza foi o único a apresentar crescimento do GMV na comparação anual, com a continuidade no crescimento do marketplace e incrementos do resultado da KaBum (adquirida em 2021)”, disse Lima. 

“O Magazine Luiza é o player com maior destaque no marketplace, uma operação que se encontra bastante robusta e com crescimento mesmo em cenários adversos”, acrescentou o analista.