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Varejo: especialista vê “ano ruim”, mas mantém otimismo em 2024

O ano de 2023 foi desafiador para o setor varejista no Brasil, marcado por uma série de dificuldades que impactaram as operações das empresas. Rodrigo Negrini, especialista em finanças e CEO da Soul Capital, comentou sua visão sobre o desempenho do setor, destacando que, de forma geral, foi um ano difícil para as varejistas nacionais. Ele aponta problemas como a concessão de crédito, concorrência estrangeira, economia estagnada e custos instáveis, fatores que contribuíram para um cenário adverso.

Negrini observa que, apesar de casos de empresas bem geridas, como a Renner, muitas enfrentaram desafios significativos, como a Marisa (AMAR3), cujo desempenho foi ainda mais impactado. A capacidade de consumo limitada, juros elevados e a dificuldade de repassar custos mais altos também foram destacados como influenciadores negativos no cenário macroeconômico.

Quanto às perspectivas para 2024, Negrini vê uma tendência de melhora, com a expectativa de juros mais baixos estimulando o consumo. No entanto, ressalta que a recuperação dependerá não apenas de fatores macroeconômicos, mas também do esforço de gestão, serviço e inovação por parte das empresas.

O caso das Lojas Americanas (AMER3) foi apontado como impactante para o setor, evidenciando vulnerabilidades nos resultados do varejo. Negrini destaca que a fraude surpreendeu o mercado, afetando não apenas a empresa em questão, mas também reverberando em todos os setores.

Quanto ao desempenho das ações, Negrini prevê que, em geral, as varejistas devem fechar o ano no vermelho. Ele destaca que o primeiro semestre foi fatal, com a Black Friday e o Natal não sendo suficientes para reverter a situação desfavorável.

Ao abordar as varejistas que entraram em recuperação judicial, como Americanas, Marisa e Amaro, Negrini expressa a esperança de que adotem estratégias cautelosas e criativas para superar a crise. Ele destaca a necessidade de juízo no crescimento e destaca a Americanas como uma empresa com potencial para superar a crise devido ao poder econômico dos controladores e ao ferramental de gestão.

Otimismo para o varejo

Por outro lado, Julio Monteiro, sócio da Megamatte e vice-presidente da ABF-Rio, traz uma perspectiva mais otimista para o ano de 2023. Ele destaca que o varejo não se tem um ano para esquecer, no entanto, afirma que ele sempre oferece oportunidades de aprendizado e inovação. Monteiro ressalta que o cenário macroeconômico influenciou significativamente o setor, com desafios como inflação, taxas de juros e desemprego, mas também aponta oportunidades de crescimento.

Para 2024, Monteiro prevê um ano de crescimento, destacando o otimismo entre os varejistas. Ele enfatiza a importância da adaptação ao digital, inovação e foco no cliente. No entanto, alerta para os desafios econômicos, especialmente após a aprovação da carga tributária.

Ambos os especialistas concordam que o setor enfrentou um ano difícil, mas divergem nas perspectivas para o futuro. Enquanto Negrini expressa um tom mais cauteloso, destacando os desafios enfrentados pelas empresas em 2023, Monteiro ressalta o potencial de crescimento e inovação do setor varejista brasileiro, mesmo em meio a desafios econômicos.